terça-feira, 5 de outubro de 2010

Texto e tabela para trabalho no 2º Período



Trecho da dissertação de mestrado “Sistema Central de Mídia: proposta de um modelo sobre os conglomerados de comunicação no Brasil”, de James Görgen (UFRRS)

Íntegra disponível em
http://donosdamidia.com.br/media/documentos/DissertaSCM_RevFinal.pdf

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5.2 Sistema Central de Mídia no Brasil

Como mencionado anteriormente, o conceito de Sistema Central de Mídia trabalhado nesta dissertação pressupõe a adequação de um conglomerado de empresas de comunicação a três condições: (1) exercer controle direto de uma rede nacional de rádio ou de TV, (2) manter relações políticas e econômicas com mais de dois grupos regionais afiliados em mais da metade das unidades da federação e (3) possuir vínculo com grupos que detêm propriedade de veículos, ao menos, nos segmentos de rádio, televisão e jornal ou revista. As organizações que atendem a estas três características conseguem distribuir conteúdos de forma nacional e, ao mesmo tempo, captar receita publicitária em mercados regionais e no nível nacional.
Às três condições juntam-se outros elementos. Para integrar o Sistema Central de Mídia os conglomerados precisam operar em quatro dimensões fundamentais: econômica (posição de mercado em termos de receita publicitária ou faturamento bruto); simbólica (lugar de credibilidade ou preferência que os veículos do grupo ocupam no imaginário do público); política (papel da organização como fonte primária de conteúdo para outros grupos a ela associados ou que compõem a periferia do sistema e relação com o ambiente político em nível federal e estadual); e histórica (protagonismo da corporação ao longo do tempo e seu envolvimento com causas de interesse da sociedade). Tendo isso em mente, partiu-se para o cruzamento destas características com os grupos que controlavam redes nacionais de rádio ou TV. O resultado pode ser conferido na Tabela 8.
Com base nestes critérios e na consulta realizada na base do sítio Donos da Mídia, pode-se afirmar que o Sistema Central de Mídia no Brasil é composto por dez conglomerados: (1) Organizações Globo, (2) Sílvio Santos, (3) Igreja Universal do Reino de Deus, (4) Bandeirantes, (5) Governo Federal, (6) TeleTV, (7) Abril, (8) Amaral de Carvalho, (9) Governo do Estado de São Paulo e (10) Organização Monteiro de Barros. Juntas, estas organizações controlam direta ou indiretamente 1.310 veículos, sendo 343 emissoras de televisão, 391 rádios FM, 259 rádios AM, 37 rádios OC, 26 rádios OT, 2 rádios comunitárias, 83 jornais, 85 revistas, 29 operadoras de TV a cabo, 27 de MMDS, 2 de DTH, 6 canais TVA e 20 programadoras de TV por assinatura (Canal TVA). O número de veículos ligados aos dez líderes do sistema representa mais da metade do total ligado às redes de rádio e TV e ultrapassa o total de 1.239 ligados aos grupos nacionais e regionais64. Eles também são responsáveis pela produção e distribuição de conteúdo de 21 das 54 redes, sendo nove de rádio e 12 de TV. Em termos percentuais, o domínio dos dez conglomerados é cristalino no caso da televisão. Nada menos do que 81% das geradoras são ligadas a eles.
64 Mais uma vez é importante lembrar que o número de veículos ligados às redes inclui também emissoras que não integram grupos de comunicação mas são afiliadas de forma individual.
A constatação da existência do modelo do Sistema Central de Mídia não significa colocar em pé de igualdade todos os dez conglomerados que o integram. Justamente, a intenção é mostrar que apesar das diferenças de caráter histórico, econômico, simbólico e político entre os mesmos existem elementos comuns que os fazem ocupar lugar de destaque no imaginário e na cultura do povo brasileiro. Por isso, a opção de apresentá-los em ordem de grandeza a partir do número de grupos afiliados e veículos controlados direta ou indiretamente.